terça-feira, 21 de agosto de 2012

Megabacteriose em Canários


Transcrito da Revista da SOVM 2005
Stefane Dickert Segabinazi¹
Maristela Lovato Flores²


Canário positivo para M. Ornithogaster (megabactéria) com sinais clínicos de incordena-ção motora. 



A megabacteriose é uma doença crônica que afeta várias espécies de aves como psitacídeos, passeiformes, avestruzes, emas e galinhas. Caracterizando-se principalmente por  emagrecimento progressivo, seguido da morte das aves afetadas. Também chamada de síndrome "going light" dos periquitos australianos. 
A megabacteriose é causada pelo fungo Macrorhabdus ornithogaster, anteriormente chamado de megabactéria. Sua aparência é semelhante a um longo bacilo Gram positivo, com dimensőes de 1-5xm de largura por 20-90^m de comprimento. Suspeita-se que este fungo seja parte da flora gastrointestinal normal, sendo algumas vezes encontrado nas fezes de aves saudáveis e, em aves susceptíveis e imunodeprimidas, poderia causar a doença.
Os canários afetados apresentam sinais clínicos de diarreia escura, fezes com raçăo năo digerida, emagrecimento, depressăo, dificuldade respiratória, incoordenaçăo motora, penas arrepiadas. O quadro pode ter a duraçăo de 12 a 18 meses, com períodos intermitentes de recuperaçăo. É citado que canários também podem apresentar sinais nervosos quando infectados pelo fungo.
As aves podem bicar a comida sem ingeri-la ou ingerem muito pouco. Ao se examinar o papo da ave ele se encontra vazio ... Estudos relatam que filhotes de pais positivos para megabacteriose já nasçam com a doença, năo se sabendo se ela é transmitida via ovo ou pelas fezes após a postura. Desta forma, recomenda-se que pais positivos năo choquem os ovos para se evitar uma possível transmissăo.
A necropsia das aves doentes oferece o diagnóstico consistente da megabacteriose. As aves geralmente estăo muito magras quando morrem. As lesőes săo encontradas no proventrículo e ventrículo, mas se concentram mais no proventrículo, que está distendido, contendo muito muco e às vezes algumas sementes, com pequenas lesőes hemorrágicas. Os intestinos apresentam-se hemorrágicos com fezes mucosas e escuras. Visualmente o proventrículo e o ventrículo estăo semelhantes a uma ampulheta, o que também pode ser observado através de raios X com contraste.
O diagnóstico da megabacteriose é realizado através da observaçăo em microscópio ótico das estruturas, semelhantes a longos bacilos Gram positivos em esfregaços de muco do proventrículo. 





Presença de tufos de M. ornithogaster inseridos na mucosa do proventrículo de canários aves mortas ou em fezes de aves vivas, corados pelo método de Gram.
Ele é confirmado com o envio do proventrículo e intestino para exame histopatológico das lesőes, onde se observa sobre o epitélio e dentro das pregas da mucosa do proventrículo e vilosidades intestinais, estruturas filamentosas, semelhante a bacilos, PÁS (coloraçăo de ácido periódico de Shiff) positivas, com cerca de 70(im de comprimento e 2um de largura, dispostas paralelamente, formando tufos. A cultura do M. ornithogaster também pode ser realizada, mas conforme o relato de diversos autores é muito difícil.
Quanto ao tratamento da megabacteriose sabe-se que há uma baixa resposta quando săo utilizados antibióticos. Devido à natureza fúngica do agente recomenda-se a utilizaçăo de antifúngicos. A nistatina, o cetoconazol e a anfotericina B săo recomendadas no tratamento desta doença, as quais devem ser administradas por via oral, na água de beber ou diretamente no bico das aves afetadas durante 4 a 6 semanas. Existe no exterior um medicamento à base de anfotericina B para o tratamento da megabacteriose denominado de Megabac-S (Vetafarm).
Recomenda-se também a acidificaçăo do estômago das aves (porque a megabactéria somente sobrevive em ambientes alcalinos) através da administraçăo pelo bico, de vinagre ou soluçőes contendo lactobacilos.
Após a confirmaçăo de um surto de megabacteriose recomenda-se a completa limpeza e desinfecçăo do ambiente e das gaiolas das aves, com troca de poleiros, bebedouros e comedouros. Também realizar a aplicaçăo de antifúngicos, como as velas de enilconazole associadas ŕ vassoura de fogo nas gaiolas. Estas açőes também podem ser realizadas periodicamente como medidas preventivas.
Deve-se lembrar que a megabactéria é transmitida pelas fezes, portanto a limpeza e desinfecçăo periódica do local onde as aves estăo alojadas e suas gaiolas, devem ser obedecidas. Aves de diferentes espécies năo devem ser criadas juntas e năo deixar que pais positivos para M. ornithogaster choquem seus ovos, săo medidas que ajudam a controlar a megabacteriose.
É importante que ao se introduzir uma nova ave no criatório, averiguar se ela é oriunda de plantei livre de M. ornithogaster. Também se deve evitar exposiçőes que năo exijam atestado de sanidade de aves participantes, as quais podem se tornar verdadeiros focos de infecçăo. Os criadores devem dispensar atençăo a principal fonte de infecçăo da megabacteriose, a qual seria a compra de aves portadoras do fungo, mas aparentemente saudáveis.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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15 de fevereiro de 2005. On-line. Disponível na Internethttp://www.vet.uga.edu/vppp/CEERK/Son.
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FEÔRES, M. E.; SEGABINAZI, S. D.; KOMMERS, G. D. et ai. Surto de megabacteriose em canários-belgas (Serinus canária) em um criatório no estado do Rio Grande do Sul: relato de caso. Revista Clínica Veterinária, n. 54, p. 24-26, 2005.


1    Méd. Veterinária - M. Sc - Profa. UFSM
2    Méd. Veterinária - Doutora - Profa. Adjunta UFSM




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